sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Patos na lagoa

Eu poderia escrever este post com dois sentidos diferentes, mas vou preferir o literal. Fui caminhar nesta semana na lagoa do Taquaral, aproveitando um dia nublado e friorento para esticar as pernas e colocar a mente em ordem. Precisava urgentemente de ar puro e de um vento capaz de levar maus pensamentos embora. A tranqulidade que um bom passeio no parque oferece cura qualquer problema, eu digo.

Quem me conhece sabe o quanto sempre gostei de fazer trilhas e me aventurar no meio da mata, observando os detalhes - ou mesmo apenas aproveitando para um exercício mais puxado e sem as artificialidades abomináveis de uma academia. Odeio academia. E também odeio ficar caminhando em volta de pracinhas, andando em círculos como o cão que persegue o próprio rabo. Acho que eu já escrevi isso aqui antes. Não importa. É verdade.




Sorriso discreto no rosto, satisfação estampada, lá fui eu andar os quase três quilômetros de percurso. No meio do caminho normalmente encontro algumas amigas capivaras, mas nesse dia elas estavam tímidas e a única que vi resolveu dar um mergulho quando me aproximei com a câmera. Não tem problema. Os patos fizeram a tarefa de relações públicas. Estavam tão bonitinhos e organizados que não resisti. Clique neles.



O passeio me fez bem. Aliás, sempre faz, não é mesmo? Voltei um pouco renovada pra casa, pronta pra fazer mais milhares de contatos profissionais.

Na verdade, hoje estou precisando novamente desse momento-relaxamento, porque a angústia tem teimado em bater à minha porta. Eu resisto porque gosto de ser positiva e acho que já deixei a tristeza conviver comigo tempo demais quando era mais nova. Gosto de ser uma pessoa alegre e contagiante, com boas vibrações e sempre ideias que me fazem bem. Às vezes dou uma fraquejada, mas quem não é assim?

O importante é lembrar o velho chavão de que cada dia temos a oportunidade de recomeçar e de fazer tudo diferente. Aliás, foi com esse mesmo propósito que me mudei para Campinas: pronta pra começar uma nova vida, tentando mudar os defeitos que vejo em mim e que me irritam. Como é difícil! Parece que, mesmo com 30 anos, já sou uma velha resistente e intolerante. Mas também sou insistente, ah sou. Aos poucos vencerei meus velhos maus hábitos e conseguirei ultrapassar as limitações que insisto em achar que tenho.

Vou ao mercado, perguntar ao rapaz das prateleiras se eles vendem um pouco de autoconfiança por lá. Ah, e se venderem dinheiro também, baratinho, eu compro! Pago um real em uma nota de 50. Vale?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Posso pular o Natal?

Novamente dezembro. Mais um ano que voou. E, mesmo ainda tendo alguns dias para o final, acho que já dá pra fazer um balanço de tudo o que aconteceu. Muita coisa boa, mas também muita coisa confusa e complicada se desenrolou nestes 12 meses. Foi um ano de mudanças, em muitos sentidos. Mudei de cidade e, nisso, minha vida se transformou da água para o vinho. E mesmo que muitas coisas boas tenham se concretizado, a verdade é que 2009 foi uma continuação truncada e difícil de todas as coisas iniciadas em 2008. Nenhum dos dois foi dos melhores anos da minha vida.

E agora novamente estamos nessa época do ano medonha, em que todos ficam com sorrisinhos falsos desejando quase que maquinamente "Feliz Natal". Não gosto de Natal. Não agora. Sem considerar o significado religioso da data, que pra mim não faz a menor diferença e nunca fez, Natal é uma época em que eu sempre penso como as coisas poderiam (e deveriam) ser diferentes. Quando era criança, não havia data melhor. De agosto pra frente, já esperava dezembro com aquela ansiedade infantil tão gostosa, genuína e ingênua.

Em 1. de dezembro já ia eu correndo agarrar na barra da calça da mãe, implorando pra montarmos a árvore de Natal, que lá em casa nunca foi daqueles pinheiros lindos que a gente vê nos filmes da TV, mas que, mesmo assim, era linda e toda especial. Era uma alegria montar um por um de seus galhos e enfeitá-los com bolas verdes e luzes piscantes. Os presentes iam se acumulando embaixo da árvore e o clima de felicidade que todos tanto exaltam realmente invadia a casa. A noite da véspera natalina, então, era uma festa à parte. A família nunca foi muito grande, mas os poucos que éramos já nos bastávamos.

Acho que nunca terei outro Natal como aqueles. E por isso hoje odeio a data. Sei que não haverá mais uma família feliz reunida. Sei que hoje sempre estaremos cada um em um canto, separados espiritual e fisicamente. Essa situação, enfatizada ano a ano, fez meu Natal perder a graça. Hoje ficamos não mais do que quatro gatos pingados olhando um pra cara do outro, em volta de uma mesa lindíssima e cuidadosamente posta, mas que não guarda as mesmas esperanças de antigamente. O esmero em fazer uma ceia de dar água na boca continua o mesmo, mas as circunstâncias são bem diferentes. A comida fica lá nos olhando e nós ficamos fazendo de conta que está tudo bem e que a essência natalina não mudou muito. Mas é uma farsa. É uma data amarga. E meia-noite já é hora de ir pra cama.

Há algum jeito de pular o Natal?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Autônoma

Autocensura. Autocrítica. Autoavaliação. Autoestima. Autochatice. Tudo junto e sem hífen. Ando me boicotando a cada vez que venho escrever um post. Minha capacidade de achar tudo extremamente inútil está exacerbada nestes últimos dias e por isso ando meio quieta. Bico fechado. Enquanto isso, lá fora chove. Pode mesmo parecer exagerado, mas a chuva não para há uns dias. E o sorvete está tão duro que preciso deixá-lo meia hora na pia antes de conseguir cutucá-lo com a colher. É, eu sei que sorvete e frio não combinam muito, mas eu sou assim mesmo. E ando precisando de doce.

A chuva boicota minha piscina, minha caminhada e meu ânimo. Apenas é uma deliciosa desculpa pra assistir uma infinidade de filmes que tenho listados, preferencialmente debaixo das cobertas. Os livros também andam acumulando-se pelos cantos. E é impressionante como a gente sempre consegue dar um jeito de nunca ter tempo de fazer nada, seja com um emprego convencional, seja dentro de casa. Sempre há ocupações urgentes.

sábado, 28 de novembro de 2009

Sabotagem

Hoje São Pedro me sabotou. Ontem fui dormir prometendo a mim mesma que aproveitaria o sábado: um mergulho na piscina, um sol pra manter o bronze e um belo passeio no parque no fim da tarde. Acordei com aquela tradicional preguiça que sempre tenho, mas nem precisei olhar no relógio para ver que horas eram. O barulho da chuva já me desanimou - ou me animou ainda mais a permanecer na cama. Fora aproveitar o dia, não tinha mais nenhum compromisso. Voltei pro meu sono bom e só levantei quando era 11h52. Ao menos, consegui a meta de acordar antes do meio-dia! :)

Tá, pode parecer ironia, mas, embora eu ame curtir meu sono quando estou dormindo, odeio levantar depois desse horário, porque sempre fica aquela impressão de que não fiz nada no dia. Então, ficando de pé oito minutos antes já fico feliz. E, como estou em casa sozinha, a preocupação com o almoço é a menor do mundo. E, na hora que bateu fome, foi só fuçar na geladeira e esquentar comida velha no microondas. Ainda tava boa.

São Pedro me sacaneou. Juro que hoje eu ia tomar sol!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

The beauty of days

Now the sky is gray outside. And even without the sun or at this anoying clock time, when night is near and the day is almost over, it`s a beaudiful sky. A smooth breeze shake my hair and make me feel a little cold; and it`s good. I wish I had joy better this day, to make it more intense. The good part is that I can start all over again tomorrow. I just have to discover my strength. :)

In these times that I have almost nothing to do, I`m reading a lot. Or trying to. Because I frequently start to read many things at the same time, sometimes I run in circles... For example, at this moment, as the rain falls outside and I hear its agradably noise, I am watching one more time to American Beauty (really love this movie!), at Telecine Cult, and there are three books by my side, each one in a different page. From Saramago to Institucional Comunication, these books are now my only company.

Yes. I am home alone. And, unbelievable, it`s not so bad. At least, not now. I like to be alone, especially when I`m fine with myself. The only problem is that sometimes I can`t force myself to do the things I have to do.

Today I went downtown to leave a telephone at a technical assistance. Yes, that`s true: we are without phone at home. Only our cell phones can help us. :) I just hope every employee try to contact me through the cell. 

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Life is beautiful.

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Just a small breakpoint: it smells pot here... I think that we trade six for half dozen...

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"The only person you can count, ever, is yourself". Deep, isn`t it?
Another incredible piece: "It`s amazing when you discover that you still can surprise yourself. At these moments you really believe you can do anything you want".

I'll try to mentalize this last knowledgement.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Autocensura

Eu não costumo divulgar meus blogs. Por mais paradoxal que seja, não gosto muito de dividir minha intimidade com estranhos. Adoraria que meus amigos sempre viessem aqui ler o que tenho a escrever - as confusões, as conquistas, as alterações, as indecisões e a minha vida. Mas não gosto da idéia de que qualquer um possa ler sobre minhas inseguranças. Durante muito tempo evitei as mensagens desse tipo, como as dos últimos posts. Agora até penso em cometer uma autocensura e apagar essas linhas tão íntimas sobre falta de rumo e de objetivos concretos. Mas resolvi deixá-las. Ao menos pra me lembrar desses dias.

A partir de agora, nada de sentimentos ou de como me sinto impotente tendo zilhões de coisas pra fazer e sem saber por onde começar. Voltarei à proposta original - MEUS DIAS, impressões, fatos, descobertas e tudo de mais positivo que possa acontecer em minha vida.

!!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

City of blinding lights

Estou em São Paulo. Vim dar mais um tiro profissional por aqui. Desta vez vou me aventurar em um ciclo de palestras que tem toda a cara de ser voltado para estudantes (affe). Mas alguma coisa proveitosa deve sair de lá. Assim espero. A viagem foi de ônibus, um tempo fresquinho e leve. Gostosa. Depois, chegada na cidade cinza, com trânsito à beça na Marginal Tietê, pra variar. E isso porque nem era horário de pique. Chegada em casa, conversa vai, conversa vem e eu acabei decidindo ir ao shopping comprar um chip pré-pago pra usar em Sampa. Acho que profissionalmente vai ser bom ter um número daqui. E é isso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Segundas impressões de Campinas

** O pôr-do-sol no Taquaral é um dos mais bonitos que já vi em uma cidade.

** O trânsito daqui é tão caótico como o de Goiânia.

** Sem GPS eu ainda me perco pela cidade.

** Morar no 13. andar também tem seus inconvenientes, como ter que descer correndo de escada em caso de suspeita de incêndio.

** Quando aqui faz calor, faz calor MESMO. Outro dia, 34graus só na beira da piscina. 

** Botecos aqui não são botecos - são bares aconchegantes onde a batata-frita custa, no mínimo, R$ 17,00.

** As pessoas são pessoas aqui também. E, como tal, nos decepcionam igualmente.

** Continuo gostando mais dos animais do que de gente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Concorrência

Nada como um dia após o outro para depredar as ideias e intenções mais sublimes. Nada como um dia após o outro para que esqueçamos os propósitos e permitamos o continuísmo e a acomodação. E, novamente, estou em casa, aproveitando uma vida que nunca quis de verdade e que, de fato, estou adorando. Mas tenho medo do cérebro atrofiar-se. E tenho medo de ter vergonha - e vergonha em estar gostando. E, na verdade, estou gostando, mas me sinto um tanto quanto culpada. Não fui educada para ficar em casa o dia inteiro, assistindo Ana Maria Braga e novela das seis. Não que eu faça isso de fato. Mas sei que ainda tenho muito o que conquistar e isso depende também do meu esforço. Enquanto é só opção ficar em casa, estudar um pouco, curtir um sol à beira da piscina e caminhar no parque no fim da tarde, tudo bem. O problema é quando deixar de ser opção e não for encontrada alternativa. Isso é assustador.

Hoje li um e-mail que, embora tenha sido direcionado imediatamente para a lixeira, me fez refletir um pouco sobre os ciclos de nossa vida. Talvez essa pausa depois da mudança seja realmente necessária - embora não seja o primordial em um processo de adaptação, convenhamos. Mas talvez - só talvez - eu esteja em um momento de introspecção, em que é preciso refletir para descobrir um "caminho" legítimo, capaz de me fazer bem hoje e nos anos vindouros. Só espero que sair desse ciclo dependa apenas da minha capacidade, e não da conveniência dos outros.

Muitas ideias têm passado por minha cabeça, algumas até proveitosas, mas todas evidentemente rasas demais. E estou em um momento de absoluta falta de comprometimento para comigo mesma. Então começo a desenvolvê-las e logo as interrompo. Agora mesmo, estou em um processo de conscientização de que o conteúdo de dois anos de estudo não entra diretamente na mente - e que eu preciso desesperadamente estudar se quiser (eu quero?) passar em um bom concurso, pra fazer algo que absolutamente nunca fiz antes, sem qualquer relação com os nove anos que passei nos bancos das faculdades. Mas o salário, ó, compensa! Então, cá estou, com o caderno em minha frente, lendo duas linhas por vez enquanto escrevo outras tantas aqui. E, no fundo, estou com vontade é de ir pra cozinha fazer um belo pudim de leite!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

De volta pra casa

Nem o céu crivado de estrelas da noite viajada, nem a intensidade do sol desta cidade tiraram meu pensamento da quantia de coisas que preciso me obrigar a fazer. A palavra de ordem, agora, é ATIVIDADE! Em todos os sentidos. Preciso sair da latência gramatical e exercitar minha verborragia em algum projeto realmente mais concreto. Preciso trocar meu celular e meu ânimo - deixar de ter vontade de apenas ficar em casa descobrindo meus dotes culinários. Isso ainda não me dá dinheiro. Tudo é prioridade: estudar, montar meu blog profissional, arrebanhar frilas, encaminhar currículos, praticar a caminhada nossa de cada dia, enfim, mais do que nunca, necessito de disposição e de um dia mais comprido.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Procura-se

Procuro um título. Algo um tanto inusitado e também marcante. Algo capaz de impulsionar e chamar a atenção. Algo que ainda preciso pensar. Mas isso é outra história e, mais uma vez, não é sobre isso que quero falar. É que esse é apenas um dos meus projetos paralelos que vai se arrastando como uma lesma e vai engolindo minha capacidade de concretizar as coisas. Mas ainda vou conseguir tirá-lo do plano imaterial, vocês vão ver.

Eu, às voltas com um turbilhão de (falta de) ideias - por mais paradoxal que isso possa parecer -, percebo outra vez que preciso definir um caminho. É, aquele mesmo caminho que falei que se perdeu em Sushi e Maionese. E à noite as coisas parecem ser mais claras. Agora, falta a prática e o foco. Sem atirar para todos os lados. E é nesse ponto que uma conversa sincera hoje me fez bem. Se sempre soube viver bem a vida sem que fizesse planos nazistas, então mais uma vez encontrarei esse mesmo caminho.

Enquanto isso, vou curtindo minha estadia temporária na cidade em que vivi meus 30 primeiros anos de vida. Novamente, um bom papo com os amigos na Tribo do Açaí me fez muito bem.

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Ponto de reflexão: é engraçado perceber que, mesmo depois de alguns dias longe da cozinha, minhas mãos ainda guardam um leve cheiro de alho.

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domingo, 25 de outubro de 2009

Sobre a vontade de começar e não saber exatamente o quê

Tá, ninguém lê meu blog, eu sei. Até fiz um pouco de publicidade, mas nunca fui muito boa nisso. Não gosto muito de me autopromover e sei que isso já me fez perder ótimas oportunidades. Mas tudo bem. Não é sobre isso que eu quero falar mesmo...

Estou em Goiânia, por apenas alguns dias rápidos. E queria ter disposição para fazer tudo o que não fiz nos 30 anos em que aqui morei. Sei lá: rever os amigos, ir a bons botecos novos, passear com a cadela, ir a algum museu bacana, descobrir uma exposição inusitada, fazer um encontro de jornalistas, viajar pras cidades turísticas próximas (leia-se Caldas e Piri), ir para o clube tomar um sol, garimpar roupas baratas na feira... Vejam bem: queria. Porque, de fato, ando me arrastando da sala pro quarto e do quarto pra cozinha. Calor infernal. Sem carro. Mas só de rever Claris, Van, Flavia, Raquel, Marcão já valeu à pena. Acho que a gente até faz amigos novos em outros lugares, mas é difícil que eles se tornem "amigos de infância" tão rapidamente.

Ainda fico aqui alguns dias - e não quero dar um stop no meu ritmo de caminhadas, embora este forno não seja nem um pouco convidativo para caminhadas. Na viagem para cá, tentei imensamente planejar minha semana de forma positiva, tentando elaborar atividades de 365 dias para 1 semana. Mas infelizmente fui obrigada a conviver por 13 horas e 30 minutos com um cidadão nada conveniente no banco de trás. Pensei que o suplício tivesse acabado depois de 1 hora de conversa ininterrupta no celular e gargalhadas extremamente perturbadoras à 1 hora da manhã, quando ele resolveu desligar o telefone e me deixar a sós com meus pensamentos. Ledo engano. Durou pouco tempo. Logo, resolveu proporcionar uma (nada agradável) música em seu iPod para todos os passageiros. Colocava o fone de ouvido por alguns milésimos de segundo, tirava novamente e deixava-nos perceber a música de seu playlist. E nisso meus pensamentos positivos logo transformaram-se em rugidos mal-humorados. Ele percebeu, mas fingiu que não era com ele. Puta cara inconveniente. Mas é fato, não adianta: nessas horas, nada melhor do que ignorar para que a pessoa perca a graça. Tampei meus ouvidos, engoli meus grunhidos, coloquei o travesseiro na cara e fingi que dormia. Logo o silêncio imperou no ambiente. Ufa! Daí em diante, curti o meu sono nas duas poltronas, porque não tinha ninguém do meu lado. Que sorte!

À tarde, fui ver Clarissa e um pouco depois, juntamente com Flávia, fomos comprar La Sombra del Viento, assim mesmo, em espanhol, para presentear nossa amiga Vanessa. Shopping, bolo de chocolate, garrafas de vinho e martini. Tudo em mãos, fomos para o apartamento do M.A. - ai que saudade do meu antigo apartamentinho, ali mesmo naquele prédio! A vista ali decididamente é bem mais bonita do que a que tenho atualmente em meu apê em Campinas. Tudo bem. Bola pra frente. Melhor não pensar no passado. Aliás, a vida está por demais boa pra ficar pensando em coisas que poderiam ter sido melhores.

O sono foi só depois do banho das 3 da manhã. E hoje, outro dia agitado. Casa da sogra, sobrinho, Pietra, churrasco, cerveja. Desse jeito, meus planos otimistas para continuar perdendo peso tiveram um sério obstáculo. Mas não tem problema. É só um deslize. Amanhã tem mais.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Complexidades

Ontem me deparei com uma pergunta que não soube responder e que me causou desconforto sem igual, como há muito não sentia. Algo como "o que você quer ser quando crescer", sabem? Esbarrei em meus medos, anseios, inseguranças e não encontrei resposta plausível. Afinal, sobre o que, realmente, eu gosto de escrever e estudar? Se eu fosse montar um blog profissional, por exemplo, sobre o que gostaria de escrever de forma mais aprofundada? Putz... Sobre tudo e sobre nada em especial. Eu sou meio daquele tipo que gosta de fazer o que me cai à mão. É tão difícil entender isso? O duro é que é difícil, sim. Sabe por quê? Porque falta foco, falta direcionamento, falta entusiasmo e interesse para a dedicação em algo realmente proveitoso.

Daí pra frente, nem consegui dormir direito. Porque desde criança sou assim. Na escola já era a garota que gostava de tudo, tirava notas boas e que, quando pressionada sobre que faculdade cursar, simplesmente todas as opções passaram pela cabeça. Tentei Medicina, depois Computação, seguido por Publicidade, depois por Jornalismo e até Psicologia. Passei em três desses vestibulares - concluí Computação e Jornalismo e comecei Psicologia. Mas isso não significa que meu leque acabou aí... minhas dúvidas pairavam, inicialmente, até mesmo sobre Arquitetura, Engenharia, Direito e Veterinária. Daí dá pra perceber: Humanas, Biológicas e Exatas, todas no meu caminho.

Por um longo tempo me satisfiz no Jornalismo - até o momento em que percebi que não saber puxar saco dos outros e me autovangloriar seriam características que me fariam ganhar um parco salário no fim de cada mês. Passei para o segmento de comunicação empresarial - melhor remunerado, muito menos excitante. E agora, que estou em busca de uma recolocação em um novo mercado, fico pensando em todas as minhas opções. E a pergunta acima mencionada surgiu da hipótese de ingressar em um mestrado. E aí? Faria pesquisa sobre o quê? Ao menos sobre que área, que segmento? Cri-cri-cri-cri.

Estou, agora, em um momento de reflexão. Vou montar um novo blog, desta vez profissional. Tenho duas boas idéias em mente. E sei que, como já disse acima, posso gostar imensamente das duas. Aliás, me desculpem pela agressão gramatical: ideia não tem mais acento. Não consigo me acostumar com isso.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

De céu claro e pôr-do-sol

Eu adoro horário de verão. Realmente gosto. É maravilhoso sair pra caminhar no fim da tarde e chegar em casa com o dia ainda claro. Sair do trabalho e ir pra um boteco fazer um happy hour com o céu claro é simplesmente o máximo. Não tem preço. Não, não. Ainda não estou trabalhando, mas lembro-me bem dessa sensação gostosa de um dia de semana parecer domingo na praia.

Tenho ido caminhar todos os dias, já há mais de semana. E estou adorando a experiência. Explico: não tenho muita paciência pra voltinhas em praças... me sinto uma boba, como o cão que persegue o próprio rabo. Gosto de ter destino. E gosto de trilhas. Aqui, embora eu fique um pouco correndo em voltas, o caminho é mais longo, arborizado, de chão batido mesmo. Parece uma trilha em meio à natureza. E isso me anima muito. Gosto de ver o verde, ouvir os pássaros e me deparar com uma capivara no meio do caminho. Gosto de olhar o lago, especialmente quando reflete aquele pôr-do-sol avermelhado que indica tempo frio a frente.

Depois, um banho quente pra relaxar. Estou me sentindo viva. E estou adorando!

Essa aí é a Lagoa do Taquaral, onde tenho passado meus fins de tarde...




quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Impressões campineiras

Passaram-se alguns dias desde que fiz minha última visita neste blog. Mas não é abandono, não. Era pura e simples falta de tempo. Mudar dar trabalho. E só agora, duas semanas depois, é que consigo falar que parece que as coisas estão em seu devido lugar. Armários arrumados, escritório organizado, cozinha pronta para o uso, quartos bonitos e ajeitados. Só faltam alguns móveis pra incrementarmos a decoração. A primeira aquisição será um tapete, daqueles bem gostosos, pra colocar na sala e ver tv deitada, com a cabeça apoiada nos puffs. Também precisamos de uma mesa de jantar. E provavelmente compraremos uma tv maior, em mais de uma dezena de prestações.

Fora essa época conturbada, tenho várias impressões positivas da cidade. E a cada momento me surpreendo com alguma coisa que gostei aqui onde estamos morando. Isso é bom. Nunca tive uma ducha tão boa em casa - que banho gostoso! Na esquina tem um minishopping com academia, farmácia, verdurão, lotérica e subway. Basta enfrentar uma subidinha de uns 20 passos. Nas preocupações típicas de dona de casa, a lavanderia fica de frente para o sol - e, quando não chove, a roupa seca em menos de uma hora.

E duas semanas pode até parecer pouco, mas já deu pra ir pra balada algumas vezes. E aqui certamente há mais botecos animados do que Goiânia. Na verdade, só fui em bares do estilo fechado - do tipo pub mesmo -, alguns com música ao vivo rolando. E demos uma sorte tremenda ao termos caído de paraquedas em uma turma de amigos bem animada e divertida. Pra se ter uma idéia, já rolaram muitas cervejas, algumas tequilas, várias doses de whisky, batidas à vontade e até caipiroska de rúcula. Fora o suco de tomate apimentado e os mojitos. :)

Algumas outras conclusões:

** Os pit dogs aqui não existem - na verdade são oficializados como lanchonetes ou sanduicherias. Nada daquela coisa no meio da praça, com mesinhas espalhadas por todo lado.

** Há dois dias só chove. Definitivamente, vou ter que comprar um guarda-chuva por aqui, embora os deteste profundamente.

** Já aprendi a ir de carro até o Carrefour, até o shopping D. Pedro e até a Unicamp. Tudo aqui pertinho de casa. O resto, só com o auxílio imprescindível do GPS.

** Os pernilongos aqui parecem ter vindo voando de Itu - são todos gigantes e pesados. A parte boa é que é mais fácil matá-los.

** Toda a lindíssima construção da Escola preparatória de cadetes do exército é cor de rosa. Tá, é meio afrutada pra uma corporação militar, mas, convenhamos, é muito bonita.

** Inauguração de boteco aqui lota como em Goiânia. Muita gente de pé, muita fila, poucos comes e bebes.

** As contas saem bem mais caras, o que é um verdadeiro suplício no fim da noite.

** Boa notícia para as amigas solteiras! Não sei, não - e talvez ainda seja cedo para afirmar com certeza -, mas tenho a leve impressão de que aqui não tem tanta mulher quanto Goiânia. :)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Recadinhos

O meu Dia D está chegando e estas últimas semanas estão cheias de despedidas e gostosos reencontros. Nunca canso de dizer o quanto é bom rever amigos que o tempo não leva embora. Estranho é perceber que é preciso ir embora pra rever tanta gente que faz parte de nossa vida. E como estou com um gostinho de nostalgia na boca, quis escrever alguns recadinhos.

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Vanessa, amiga querida de uma vida inteira. Você vai me fazer uma falta imensa. Quero ver você fazer muito sucesso - o final do doutorado vai ser só o primeiro passo para muitas conquistas. E não se preocupe que todas as intempéries de hoje vão cessar e serão apenas uma vaga lembrança de alguns dias ruins. :) Ah, e eu continuo querendo ser madrinha!

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Clarissa, amiga especial que dividiu tantas histórias comigo. Você também vai me fazer muita falta. Mas quem sabe eu não consiga fazer você se mudar também e explorar novos horizontes, ali pertinho de mim? Nova casa, novo emprego, novas oportunidades, novos amigos e novo(s) namorado(s) lhe aguardam por lá! Nossos caminhos ainda vão se cruzar, você vai ver!

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Agatha e Fernanda, adorei a saída ontem. Aquele chopp paulista do Glória é especial, mas a companhia foi a melhor fatia da noite. :) Mesmo depois de muito tempo, continuamos rindo de nossas bobeiras e imaginações férteis. Maria, seja feliz no seu novo emprego e na nova casa. E veja se consegue ser mais organizada! Nanda, me avisa se a pholiamagra funcionar. hahaha. Sintam-se intimadas a manter contato!

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André e Larissa, uma vida linda espera vocês - e agora nem tem jeito de ficarmos de fora, né cumpadis? O casamento promete e a lua de mel, então, nem se fala! A gente certamente ainda vai se ver muito. Afinal, estaremos em sua cidade, né Dedé?

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Lídia, amiga exemplo de força de vontade, garra e dedicação. Sinto muito por termos ficado tão distantes. Mas tenho certeza de que você vai superar tudo e conseguir concretizar todos os seus planos. Não suma!

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Fernando, continue mandando muitos mails, mesmo que sejam só de política! :) Um abraço especial à Ana e aos filhotes Laila e Jordan. (Mas faça uma forcinha pra mandar e-mails pessoais tb... hehehe)

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Michelle, quem sabe combinamos um novo reveillon na praia? Sua companhia é sempre bem-vinda!


*Thiago e Wanessa, Paulera e Andressa, Rose, Ana Maria, Raquel, Maurão, Paulinha e Thiago, entre tanta gente que estou correndo o risco de não mencionar: este post também é pra vocês! Verli e Carina, PC e Bia, Reginaldo, Flavitcha, Nuti e Gustavo: vocês já estão longe há tempos, então aprendemos a lidar com as ausências. Agora, Campinas será só mais um lugar que têm para visitar!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Eu não disse isso!!!

Acho que todo mundo de vez em quando pesquisa seu próprio nome no Google. Bom, eu faço isso de vez em quando. Sempre aparecem algumas matérias, um link para blog, alguns artigos, portfólios em sites, enfim, um pouco da minha vida profissional mesmo. Mas sempre que eu me deparo com aquela matéria ching-ling que fiz quando trabalhava na Cultura Online assinada como se eu fosse uma entusiasta da técnica e não uma repórter, fico realmente irada.

Esclareço: a matéria era sobre uma técnica de acupuntura que, segundo o terapeuta, poderia auxiliar no emagrecimento. Até aí, tudo bem. Como jornalista que recebeu a pauta para desenvolver, tinha obrigação de ir lá conhecer o tal acupunturista - um chinês baixinho que mal falava duas palavras em português. Feita e publicada a matéria, qual não é a minha surpresa quando me deparo com meu texto na edição da Veja Goiânia, como um anúncio publicitário com meu nome assinado embaixo, como seu eu estivesse validando tudo o que o baixote havia dito.

Irada, decidi processá-lo. Nem autorização para utilização do texto ele havia pedido, oras! E meu nome foi, sim, usado indevidamente. Era o ano de 2006, se não estou enganada. E, às voltas com trabalho - muito trabalho - e prestes a mudar de emprego, acabei largando mão de processar o tal chinês. Bobinha, eu sei. Mal de brasileira nata, que deixa de lado coisas que vão dar muita dor de cabeça por pouco.

O fato é que ainda hoje sou obrigada a ver esse texto passeando por aí, perpetuando-se na internet. A diferença é que agora ele roda em sites de conteúdo duvidoso e blogs de emagrecimento - e eu não emagreci nada, meu Deus! Nem ao menos experimentei essa técnica mirabolante! Como posso ter dado um depoimento? Pior ainda: nem o nome do chinês tem aparecido mais. Agora usam partes rasgadas da matéria - ou até inventam belezuras -, algo como "Acupuntura emagrece mesmo. A técnica surpreende e é altamente eficaz". Assinado: jornalista Liliane Bello. Ninguém merece! Eu, que estou bem mais pra gordinha do que pra magrinha, fazendo propaganda de método de emagrecimento...

Esse é o mal do ctrl+C, ctrl+V. Poucos se importam realmente com a veracidade das fontes ou com a procedência dos dados. E agora acho que é tarde pra processar! E segue a propaganda enganosa por aí.

domingo, 9 de agosto de 2009

O tempo e o vento

Antes eu sabia o telefone dos meus amigos de cor. Das amigas de infância-adolescência, então, nem se fala! E se era mais de um, sabia também. Hoje, tenho tudo anotado no celular. E mal-e-mal sei os prefixos. Logo, se o celular fica sem bateria, sem ter como carregá-la, eu não sei como ligar pra ninguém! E ninguém me liga mais no telefone daqui de casa. Já virou rotina falar só pelo celular, celular, celular. O resultado é um sabadão em casa, mesmo depois de ter combinado desde quarta-feira uma saída com as amigas. Mau, muito mau.

Aproveitei o tédio para desenvolver o trabalho que me comprometi a fazer. Fácil, mas trabalhoso. No fim foi bom, pois ontem já havia dado uma escapadela que era pra ser rápida e que durou a noite toda. Antes de encontrar alguns amigos no Thiosti, passei na casa de uma amiga querida que não via há muito, mas muito tempo mesmo. Fiquei realmente feliz em vê-la bem. E fiquei realmente triste por ter percebido o quanto me afastei de pessoas incríveis que concluíram a faculdade de Jornalismo comigo.

Acabei me envolvendo em tantas coisas simultâneas e os encontros com a turma acabaram ficando cada vez mais escassos. Agora já não sei se há tempo de resgatar o passado. Estou de malas prontas e os dias são curtos para marcar tantos happy hours. E ainda se conseguisse, algumas horas de conversa não colocariam em dia anos sem convivência. O pior é que isso não vale só para os colegas de jornalismo, mas para tantas pessoas queridas, que têm um espaço importante na minha trajetória e na minha vida. Triste.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Mãos de tesoura

Hoje cismei que queria cortar o cabelo. Aliás, tenho falado isso há tanto tempo e hoje enfim resolvi colocar o pensamento em prática. Já até havia pedido a uma amiga, por msn, pra cortar as pontinhas da minha cabeleira, mas Clarissa gentilmente recusou. Claro. Então criei coragem. Calma, não pensem que fui afoita o suficiente pra cortar o cabelo eu mesma... Não, não nesse momento. Não inicialmente. Convenci minha mãe a ir comigo ao cabeleireiro e lá fomos nós duas rumo ao salão do especialista da família no Setor Oeste.

Falei pra ele tirar só uns três dedos. Ele deve ter tirado uns seis. Ficou ótimo. Eu realmente estava precisando cortar os fios pra dar força a eles e evitar que ficassem embaraçados. Meia hora depois, no entanto, cismei que o franjão desfiado havia ficado comprido demais. Cheguei em casa e achei por bem esquecer o assunto, deixar isso de lado e seguir trabalhando - estou com uma apostila enorme pra desenvolver!!! Mas agora à noitinha minhas mãos começaram a tremer novamente, como se eu estivesse abstêmia há dias. Como os computadores estavam ocupados, elas ficaram afoitas demais. E lá foram elas atrás da tesoura...

Eu sempre soube que como cabeleireira eu sou uma ótima jornalista, mas vira e mexe tenho esses ataques de querer "desfiar" a frente do meu cabelo. O lado esquerdo sempre fica uma maravilha - mesmo! -, mas o direito... ihhh, é melhor não reparar muito nele. E hoje ainda exagerei na dose. Esqueci que cabelo molhado é mais comprido do que seco e acabei transformando meu "lindo repicado central" em uma franjinha safada. Agora tô aqui colocando ela meio de lado, escondida entre os fios mais compridos. Não só porque o dom de deixar as coisas retinhas e simétricas não foi uma habilidade que Deus me deu.

Acho que a primeira vez que inventei de cortar meu cabelo sozinha, sem qualquer ajuda, estava em São Paulo. Estava morando lá por ocasião do curso do Estadão e, sem conhecer a cidade, sem dinheiro pra ir a um salão famoso e com o cabelo despontado por seis meses sem ver a cara de uma tesoura, acabei entrando no primeiro salãozinho que vi, numa daquelas lojinhas de conveniência de um Carrefour.

O rapaz - que cabeleireiro certamente não era! - teve a capacidade de fazer a frente de um comprimento e a parte traseira de outro. Não havia harmonia. Era como se eu fosse duas pessoas diferentes: uma de frente e outra de costas. Parecia um picote encaixado, daqueles tipos que a gente faz no jardim de infância, quando corta e cola pedaços de papel aleatoriamente em uma cartolina. Pra não ficar ainda pior, saí correndo do salão e deixei como estava. Cheguei em casa e lancei mão da primeira tesoura que vi. E sinceramente, achei que o resultado havia ficado lindo! Tinha uma festa pra ir à noite e todos os conhecidos, ao menos por educação, disseram que meu cabelo estava ótimo! Obrigada!

Acho que essa ilusão me fez repetir a façanha algumas vezes, mas nunca mais me senti tão bem-sucedida quanto naquele dia. Mas não canso! Eu sei que ainda vou aprontar outras desse tipo muitas vezes na vida e quem sabe um dia eu acerte novamente. Não foi hoje. Enquanto isso, mais uma vez, ainda bem que cabelos crescem. Ufa!

Ah! E tentem não reparar no lado direito dele quando me virem. Por favor. :)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre os dias e as mudanças

Sempre tive a tendência de trocar o dia pela noite. Adoro a luz do sol e a claridade dos dias, mas as noites me revelam surpresas muito mais produtivas - minha mente fica mais agitada e meus neurônios parecem entrar em atividade mais constante. Sempre é de noite que tenho ideias - muitas das quais se dissipam com o nascer do sol. As noites são mais aconchegantes, embora mais solitárias. E talvez seja exatamente por seu silêncio tranquilo que goste tanto delas.

Pensando nisso me ocorreu agora que até no dia-a-dia as mudanças são vistas de forma arredia. Sim, porque gosto da claridade do dia e da escuridão da noite. Mas simplesmente não suporto aquela hora do dia em que não dá para enxergar direito, aquela transição antipática entre o claro e o escuro, por volta das seis da tarde. Depois que a noite ganha seu espaço, aí, sim, a mudança começa a ser aceita e bem-vinda. Mas antes disso, todos os dias, enquanto luta para dominar o dia e se sobrepor a ele, simplesmente provoca preguiça, desânimo e resistência.

Acho que é natural do ser humano se apegar a coisas, lugares e pessoas que lhe tragam tranquilidade, por meio dos quais se sente seguro e confortável. Mudar assusta, porque requer força para enfrentar um mundo novo. E mesmo que esse mundo traga um rol de novas possibilidades e oportunidades, ainda assim dá medo. Melhor quando se tem o apoio de todos os que nos amam. Mais difícil quando eles só conseguem enxergar a ausência.

domingo, 2 de agosto de 2009

Leituras

Ontem terminei de ler o romance A Sombra do Vento, depois de tanto tempo com ele em mãos. As primeiras cem páginas foram lentas, mas a partir de então terminei as outras 300 em dois dias. A verdade é que gosto de economizar meus livros - ao mesmo tempo em que quero ler muita coisa, também quero que cada história única dure um pouquinho mais. Mas fato é que, em tempos de ociosidade, nada melhor do que a companhia de um bom livro pra fazer o tempo valer à pena. E cheguei ao fim de suas páginas, esquecendo que já despachei para Campinas todos os outros livros da minha "fila de leitura".

Remexi nas estantes aqui em casa, ainda recheadas de volumes da extinta série vagalume que tanto marcou minha pré-adolescência, e descobri em um canto uma edição de bolso de Clarissa, de Erico Veríssimo. Os dedos já percorreram suas páginas e os olhos já começaram a ficar ansiosos por mais uma leitura.

O gostoso de ler é que cada linha nos remete a um universo diferente e nos instiga a contar e relembrar histórias de nossas próprias vidas - ou mentes. O terrível é ter a certeza de que aos poucos todo o conteúdo degustado ficará nublado, incerto, escondido em algum cantinho inacessível para as lembranças diárias. Mas assim vamos indo: um livro após o outro, mesmo que ao final só restem vagas recordações do enredo.

Agora, vou entregar meu tempo livre à Clarissa - uma bela adolescente gaúcha do início do século passado.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A falta que os dados fazem...

Hoje eu ia sair. Não fui. Ia ao cinema. Não fui. Tudo por causa de uma pane que me deixou em estado de choque. Meu notebook morreu. E com ele podem ter morrido todas aquelas fotos únicas, todos aqueles pedacinhos de texto que um dia eu escrevi, todas as músicas que demorei anos pra organizar e agregar, toda uma parte da minha vida que nem sei por onde reconstruir. Perdi a fome, perdi o rumo, perdi a vontade de sair de casa, ao menos por hoje. Minha única esperança é conseguir um diagnóstico positivo dos médicos amanhã, considerando que ao menos parte do HD pode ser recuperada. Pelo menos a parte das fotos, das músicas, dos documentos e dos trabalhos. Estou cruzando os dedos.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Um brilho apagado na memória

Hoje li um texto que achei bem interessante: o cérebro humano automatiza suas reações conforme os fatos repetem-se. Algo como uma economia de novos estímulos nervosos para realizar coisas semelhantes. E é justamente por isso que temos a sensação de que os dias passam cada vez mais depressa: porque não oferecemos ao nosso cérebro estímulos que o façam trabalhar e registrar em nossa memória os eventos de cada dia. E assim os dias passam a ficar muito iguais uns aos outros, sendo "apagados" ou "ignorados" como acontecimentos rotineiros e comuns. E só as datas mais relevantes acabam sendo lembradas - os Natais, as festas, os aniversários -, justamente porque envolvem eventos diferenciados.

Quando somos crianças, tudo é novidade e em todos os dias acontece algo capaz de exigir o exercício da atividade cerebral - novas reações, novas pessoas, novos horizontes, novas brincadeiras, novos aprendizados. A recomendação, então, é sempre tentar fazer alguma coisa diferente, de forma que valha um registro na lembrança. Fazer novos caminhos, escrever coisas novas, ler novos livros em lugares diferentes, fazer novas viagens - tudo isso contribui para ativar nossos neurônios e intensificar os dias e as lembranças deles.

Alguém já reparou o quanto é mais fácil lembrar de uma cena após ver uma fotografia dela? E o quanto aquele momento retratado se torna mais nítido do que todos os outros que o cercaram? Infelizmente não dá para sair por aí fotografando o dia, as emoções, as impressões e todas as pessoas que passam por nós. Mas seria muito bom se tivéssemos sempre o costume de fugir da rotina, para que pudéssemos ter mais histórias para contar - e mais fotografias imaginárias para lembrar.

Quando eu era pequena tinha a prática de estudar fingindo que era professora. Ensinava a meus alunos imaginários tudo o que havia aprendido na escola. Meu pai chegou até a comprar uma pequena lousa e várias caixas de giz colorido - aqueles mesmos que às vezes eram usados para desenhar um sol amarelo no cimentado do fundo de casa ou uma grade de amarelinha no asfalto envelhecido da rua. E foi assim que fui conquistando minhas altas notas - sempre ensinando coisas em voz alta para minha platéia invisível. Certamente esta técnica de memorização não é exclusividade minha, mas sei que essa sempre foi uma das formas que encontrei para lembrar-me do que era importante. Ler em voz alta. Explicar em voz alta. Coordenar os pensamentos em voz alta.

Tudo bem que eu também brincava de bancária - enquanto as crianças de minha idade costumavam brincar de boneca. Não passava dos 8 anos, certamente. Na verdade, não sei bem se era um banco ou uma financeira mas eu costumava dizer que era uma grande firma, a qual chamava de Jungis Barrida - nem sei se era assim que eu escrevia, tampouco o significado desse nome. Engraçado, não? É, minha criatividade sempre deu grandes provas de sua existência. Ao menos enquanto era criança. Inventei até mesmo uma classe gramatical inexistente e imprescindível para o português: os gramafos. E do pouco que me lembro do que escrevi sobre eles, sei que obedeciam a "justaposição". Profundo, não? Bem, a lógica era um tanto quanto confusa e infantil, mas ainda hoje fico maravilhada ao ver os rabiscos no caderno, os quais guardei carinhosamente no fundo de um pequeno baú.

A verdade é que, enquanto somos crianças, temos um mundo de opções e oportunidades à frente. Temos a possibilidade de sermos quem quisermos - médicos, professores, engenheiros, bancários, cozinheiros, motoristas, astronautas, pilotos - e para transformarmos algo em realidade só precisamos de um empurrão, um estímulo. Aos poucos fazemos escolhas que mudam nossas vidas e estreitam essas possibilidades. E dia-a-dia essas escolhas apagam um pouco do brilho que tínhamos na infância. Mas fazer o que? Deve ser assim com todo mundo mesmo...

domingo, 26 de julho de 2009

Contagem regressiva

Esta semana vou começar! Sim, eu consigo! Tal qual uma promessa de início de ano, que sempre se perde ao longo dos primeiros dias do recém-nascido, estou desfiando uma série de itens que necessitam de atitudes urgentes. A diferença é que são coisas concretas, que não podem ser adiadas ou esquecidas: fazer o orçamento para o conserto do carro; transferir o plano de saúde para abrangência nacional, mudar a conta do banco, alterar o endereço das contas dos cartões de crédito, cobrar a data de mudança na transportadora e, sim, estudar.

Seja característica de brasileiro, seja deficiência própria, tenho o péssimo hábito de fazer as coisas na última hora. Nunca fugi das minhas responsabilidades, mas parece que resolver os problemas logo que eles surgem não é muito o meu ponto forte. Preciso de tempo para mastigar devagar e digerir as pedras e os papéis que surgem à minha frente. As metas concretas serão, sim, feitas, no prazo previsto. Aí voltamos ao grande nó da questão: estudar. Isso parece tão mais subjetivo do que trocar o endereço do cartão de crédito! E olha que eu gosto de estudar! Só preciso (sempre) de um incentivo para começar, todos os dias.

Desde que "entrei" em férias por tempo indeterminado, minha vida passou por alguns ciclos: a organização da mudança, a viagem para uma cidade nova, o retorno com a leitura de um livro, a febre e a tosse insuportável e agora, finalmente, está em branco, pronta para um novo ciclo. E só de ficar alguns dias vivendo esse "branco" já me cansei. Há muito não estou acostumada a ficar o dia inteiro dentro de casa e a curtir vagabundagem. Passei da idade. E não gosto de me sentir completamente inútil. Daí o início do post: esta semana vou começar! Sim, eu consigo!

Vou começar a estudar novamente, fixar metas para passar em um próximo concurso, já que deixei de tomar posse no que me garantiria alguns reais de tranquilidade por mês, estipular metodologias de estudo e me disciplinar. Já fiz isso antes. Sou perfeitamente capaz de fazer novamente. Só espero sinceramente poder me aproximar novamente dos amigos a quem não tenho visto nas últimas semanas. Porque não quero mudar de cidade com a sensação de que não faço diferença e de que tanto faz o lugar onde eu esteja.

Palavras da semana: conciliação e equilíbrio.

Hoje, ontem e amanhã

Hoje consegui um verdadeiro milagre: repetir aquele delicioso filé de badejo no Alba's, desta vez com minha mãe. Exercitei o meu diário pecado da gula e desfrutei de uma companhia de que há tempos estava sentindo falta. Fazia anos que ela não comia sequer batata frita. Foi um pequeno progresso, que me deixou feliz. Mesmo que o restante do dia tenha transcorrido tedioso e solitário.

Gostaria de ter as respostas para poder solucionar tantos problemas que andam à espreita, apenas esperando o seu tempo para chegar. É complicado seguir um dia de cada vez e tentar esquecer as sombras, os ventos ruidosos que - sei - vão se aproximar. Mas a única maneira de lidar com esse futuro incerto é esperar os dias correrem e se substituírem continuamente, até que não haja mais nada a ser feito. Até que a realidade precise ser enfrentada e vencida. Ainda não sei exatamente qual será o meu papel em todo esse emaranhado ameaçador que está por vir, mas certamente serei uma das protagonistas. Espero ter encontrado soluções até - e não apenas mais perguntas. E espero que elas venham naturalmente, assim como um dia após o outro.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

New city

Nunca imaginei que conseguiria reunir minhas reminiscências, tralhas, bobagens e afins em tão pouco tempo. Foram cinco dias muito intensos, com muita poeira e incontáveis espirros. Em seguida, a viagem, a espera pela conexão, a chegada, a ansiedade, o conforto. A prova. Agora, dá para respirar um pouco - o ar não é tão puro aqui quanto em Goiânia, mas acho que no décimo terceiro andar isso até pode ser possível.

Estou no novo apartamento, embora ainda não de maneira definitiva. Por enquanto, só uma ausência absurda de vida, de cores, de aromas e sabores. Sem qualquer possibilidade de me aventurar na cozinha. Só armários, armários e mais armários - e uma pequena TV para me fazer companhia. Ainda assim, as primeiras impressões foram as melhores possíveis: avenidas largas, pistas arborizadas, parques tranquilos - uma cidade grande, com possibilidades diretamente proporcionais à sua proximidade com A metrópole.

Agora os planos ainda estão um pouco rebuscados, e sei que preciso vencer minha ansiedade e meus receios.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ausência

Impossível escrever qualquer coisa hoje, ou ontem. Extremamente cansada com os preparativos para a mudança.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

De mudanças e lembranças

Dos sete pecados capitais, é difícil apontar um que não nos tente diariamente. Se domingo rotineiramente é o dia da preguiça, pode-se dizer que esta segunda-feira também amanheceu bastante preguiçosa. A diferença é que domingo é domingo e segunda é segunda. Ou seja, dia de mandar a preguiça caçar outro lugar pra se instalar. Reunindo todas as minhas forças, dei início hoje a parte do cansativo processo de mudança. Acho que essa é a pior parte. Caixas de papelão reunidas, jornais espalhados para embrulhar copos e vidros, panos para limpar a poeira, dor na alma e nas costas de tanto ir e vir.

Malões emprestados, comecei a separar o que vai e o que fica, o que vai agora e o que vai depois, o que pode sumir do meu guarda-roupa e o que não pode faltar. Não é fácil. É um processo meticuloso e delicado, que consome boa parte dos meus neurônios - não riam. A vontade realmente é de fechar os olhos, dormir e acordar com tudo arrumado no novo apartamento alugado. Armários por todos os lados e cômodos, roupas já organizadas, eletrodomésticos e portáteis, livros, cds e dvds em suas respectivas prateleiras. O chão encerado escondendo os anos de desgaste e exposição. As paredes peladas e limpinhas acolhendo seus novos inquilinos pelo menos no decorrer do próximo ano.

Entre uma arrumação e outra, um pouco de água para limpar a garganta. E de internet para renovar a alma. Aliás, mudança de assunto: o que seria de nós se por algum motivo absurdo ela parasse de funcionar??? Engraçado como rapidamente nos adaptamos às novas tecnologias e não mais conseguimos nos imaginar sem elas. Mas são tão recentes!!! Já estava na faculdade quando conheci IRC, ICQ e, mais tarde, MSN. Computador em casa e internet, então, antes disso eram luxo. Na escola os trabalhos eram feitos com base em pesquisa em revistas, nas bibliotecas e nas enciclopédias (aquelas mesmas que hoje em dia ficam empoeiradas na estante ou esquecidas em algum lugar no fundo do baú). Depois de rascunhados à mão, eram datilografados letra por letra - e a máquina de escrever lá de casa não era elétrica. Esses eram os bons tempos do ERROR-EX.

Mamãe certamente vai se lembrar muito bem. Até sobre futebol e copa do mundo ela escreveu! Ficou doutora em Feudalismo, Marxismo e outros ismos. Era ela que ficava horas a fio na frente da máquina de escrever. Ao lado, eu ia ditando as frases rascunhadas e rabiscadas. Parágrafo, texto, texto, texto, ponto. Parágrafo, texto, texto, texto, ponto. Espaço para recorte de figura ou nota de jornal. Parágrafo, texto, texto, ponto. E enquanto mamãe treinava seus dedos frenéticos com os inúmeros trabalhos de História da professora Ana Maria, vira e mexe eu ia pedir a papai pra me explicar a matéria de geografia. Os tais dos paralelos e meridianos não entravam na minha cabeça! Era tão difícil, meu Deus!

Alguns anos depois, as aulas caseiras de geografia cederam lugar às de física, química e matemática. Sempre gostei de exatas (de humanas e biológicas também!), mas às vezes o raciocínio humano sobressaía-se ao lógico e minha cabeça simplesmente começava a armazenar um nó de informações. Papel, lápis e caneta a postos, lá ia eu estudar. Sempre gostei disso.

Hoje tudo isso ficou pra trás, mas vez em quando deixa esse gostinho saudoso durante meu dia. Hoje não tenho diário nem agenda. Tenho um blog. Não tenho um caderninho de telefones. Tenho celular. Não tenho endereço de correspondência. Tenho e-mail. E às vezes nem voz eu uso. "Mamãe, oiê!", digito no msn. Ela, no quarto ao lado, corresponde: "oiiiiiiiiiiiiii". Mundo estranho este, né?

Domingo, mais um domingo

Domingo sempre foi o dia internacional da preguiça. Engraçado como no único dia em que praticamente todos estão em casa nada de útil passa na TV aberta. Acho que é pra aumentar ainda mais a preguiça. É, domingo é cansativo, se arrasta acompanhando os ponteiros dos relógios. Mas domingo também é dia de almoçar com as mães e as sogras, tirar um cochilo pra fazer a sesta, dar banho na cadela linda, preparar as coisas para o início de mais uma semana e jogar muita conversa fora. Especialmente pela internet. Salve o MSN e o Skype!

Dizem que domingo também é dia de reunir a família. É o dia da macarronada tradicional com toda a árvore genealógica - com a mamma, o pappa, a primarada, os irmãos, os netos, os avós, os tios, os sobrinhos, os genros e as noras, os cães e os gatos de estimação. É aquele fala-fala, crianças correndo, homens discutindo futebol, mulheres falando sobre os filhos, filhos escondendo-se das mães, irmãos criticando irmãos, cães correndo atrás de gatos...

Bom, eu não estou muito acostumada com isso. Nunca tive um contato extenso com a família - a minha é minúscula e mora longe o suficiente para nos vermos no máximo uma vez por ano. Mas acho gostosa essa relação de estar sempre encontrando os mais próximos (pais, mães, sogros, sogras, cunhados - ah, o cão também). A gente acaba não falando nada que realmente importe, mas são esses momentos que constroem a confiança e estreitam a convivência.

O almoço de sábado

Eu amo almoçar fora. É verdade! Especialmente com excelentes companhias como as melhores amigas que a gente pode conquistar na vida - uma extremamente sincera, direta e (quase sempre) forte e decidida; outra maravilhosamente carismática, delicada e (quase sempre) fujona. Vanessa e Clarissa, este post é pra vocês!

Pensando bem, relendo o início do parágrafo anterior, acho que deveria recomeçar. A melhor expressão seria: eu sou uma gulosa insaciável que adora almoçar, jantar, lanchar e comer qualquer coisa, fora ou dentro de casa, com ou sem boa ou má companhia. Sim, eu sou gulosa, eu amo comer, adoro comida e estou - SIM! - bem fora de forma (ou em forma de bola, se preferirem). Mas o badejo com molho de catupiry e camarões empanados com brócolis, arroz à grega e batata frita estava simplesmente DIVINO!

Estou com meus triglicérides elevadíssimos - mais do que o dobro do limite indicado nos exames. Meu colesterol também não me dá um tempo. Preciso malhar - de alguma forma diferente do que praticar levantamento de copo e garfo -, necessito de dieta e, mais do que tudo, de um pouco (muito) mais de força de vontade. De resto, minha saúde está perfeita - fiz uma infinidade de exames para poder assumir no concurso público que não vou assumir porque vou mudar de cidade e está absolutamente tudo OK. Então, perdoem-me pelo deslize, mas, mais uma vez, o badejo com molho de catupiry e camarões empanados com brócolis, arroz à grega e batata frita estava simplesmente DIVINO! Pelo menos só tomei água com gás para acompanhar a refeição. (Tá, tá bom, teve uma coca-cola nada-light no fim pra poder adoçar a boca.)

De uma forma ou de outra, achei simplesmente uma delícia sair com "as meninas" - elas de novo! - e conversar horas a fio despretensiosamente. Eram bons os tempos em que nos víamos todos os dias e conversávamos horas por telefone. Papai e mamãe não gostavam tanto assim, pois as contas vinham quilométricas... Mas, oras, minhas lembranças não querem saber de contas ou do que papai e mamãe achavam. Basta reavivar a memória - que insiste em sempre querer fugir de mim - para me perder nas inúmeras divagações adolescentes que fazíamos. Meu Deus, como as pessoas sobrevivem à adolescência???

Éramos felizes, tínhamos tudo que queríamos - ou pelo menos bem mais do que precisávamos - e mesmo assim vivíamos reclamando das coisas. Era o garoto do 2º B que não dava moral, era o professor de matemática que não compreendia nossa ânsia em conversar durante a aula, era a ausência da maioridade para podermos sair, era a música do Green Day que nos fazia lembrar saudosas as férias passadas... Meu Deus, como sobrevivemos à adolescência?

É, sobrevivemos. E já entramos (quase todas) na casa dos -inta. E quer saber? Até que é bom!

Every outback night

Sexta-feira, 26 de junho. Quase o último dia de trabalho. Quase a despedida derradeira. Estranho é perceber o quanto este momento está sendo esperado - mesmo sabendo que ele representa uma mudança extrema em todo o meu cotidiano e em toda a minha vida futura. Ainda assim, espero pela segunda-feira, pela terça e pela quarta. Aí meus laços estarão definitivamente desatados.

Apesar da ansiedade pelo fim desses dias, estava ainda um pouco desolada pelo fato de deixar para trás pessoas que se tornaram queridas ao longo destes quase três anos. Mas, após uma saideira gostosa depois do trabalho, percebi que as que realmente se tornaram próximas estarão presentes mesmo com a distância. Afinal, já inventaram msn, orkut, blog, twitter, e-mail, internet e avião. Só se desencontra quem quer.

Percebi também - mais uma vez - que não dá simplesmente para obrigar as pessoas a me considerarem da mesma forma como eu as considero. Na verdade, sei que quem esteve ali presente são as pessoas que realmente poderão sentir minha falta. Sem tristezas ou ressentimentos com os demais. Apenas alguns se fizeram mais especiais do que (quase todos) os outros. Um abraço especial para Aline, Junior, Ju, João, Anderson e Lorena.

Anyway, it was a wonderful night. Alegre, divertida, leve, gostosa. Uma excelente despedida para o fim do expediente e do trabalho.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A sombra do vento

Hoje me contentarei com um bom livro e uma pizza. Sim, uma pizza. Vou me permitir continuar minha dieta de engorda - para depois tentar por tudo perder todos os quilos a mais que ganhei nos últimos meses. O livro é do tipo Best Seller - A sombra do Vento. Tô no início. Aliás, estou no início há tanto tempo que parece que já decorei a frase exata em que empaquei. Nada contra a obra - ou o autor -, mas simplesmente ainda não consegui me concentrar na história. Parece que estou em uma daquelas ocasiões em que tento fazer mil coisas ao mesmo tempo e no fim não consigo concluir nenhuma...

Talvez a própria ansiedade que tenho estado nos últimos dias contribua para essa minha falta de concentração. Segunda-feira serei a mais nova "disponível no mercado de trabalho" - e estou feliz pela oportunidade de poder começar tudo outra vez e de quebrar a rotina que assolava meus dias. Sentirei muitas saudades das pessoas que estiveram ao meu lado durante esses três anos de empresa - pessoas que souberam deixar sua marca e que me surpreenderam positivamente por diversas vezes. Mas é preciso seguir em frente - por tantos motivos que nem sei como enumerá-los.

Hoje meu livro me fará companhia. Os cadernos de Direito também deveriam fazer parte do rol das minhas atividades noturnas, mas ando dormindo em cima deles e talvez seja melhor dar um tempo. Amanhã é outro dia - e por agora ficarei só, aprendendo um pouquinho mais a conviver comigo mesma. Eu gosto. Sempre gostei.

Happy happy hour

Rever as amigas é sempre muito bom. Mesmo que eu tenha um círculo limitado delas. Há sempre "as meninas", aquelas a quem convidamos para ir em casa em um dia qualquer, vestindo camisetão e bermudinha, com o cabelo todo despenteado. Melhor ainda: nem precisamos convidar - elas simplesmente aparecem, entram sem bater, não fazem cerimônias. Sem frescura, sem censura.

E é incrível como realmente existem pessoas que conseguem nos deixar bem à vontade, sem máscaras ou fingimentos. Sem firulas, "papos-cabeça-pra-fazer-tipo" ou futilidades desnecessárias e irritantes. São aquelas a quem conhecemos há anos - e que, sabemos, estarão sempre por perto quando precisarmos. São aquelas com quem relembramos alguns dos melhores anos das nossas vidas - aqueles em que éramos adolescentes chatas e irritantes. Mas o melhor não é apenas relembrar, mas conseguir inserir essas memórias em nossos dias atuais. É lembrar e ao mesmo tempo construir novas histórias, novas lembranças.

Às vezes me esqueço o quanto é gostoso sair do trabalho, depois de um dia cansativo em que o corpo só pede cama e a mente só quer saber de algo banal na televisão, e encontrar "as meninas". Sair para tomar um açaí ou comer uma salada. Ou, no meu caso de gula extrema, experimentar um pouco dos dois. Vanessa e Raquel, devíamos fazer isso todos os dias. Esquecer a pressa que teima em nos perseguir sempre e relaxar, tomar um suco, contar histórias, trocar experiências do dia-a-dia. Just like Sex and the City. Perhaps a little bit better.

Day 1

Há coisas que são minhas. Ponto. Únicas, exclusivas, íntimas. Meu pensamento, meu conhecimento, minhas convicções. Meus dias.

Sim, eles são meus - envolvem outras pessoas, é claro, mas ainda assim são meus. Podem até mesmo ser compartilhados, divididos entre as incontáveis pessoas que passam por eles. Mas, para o que me importa realmente, são meus. E eu posso fazer deles o que quiser.

Talvez o mais sensato seria iniciar este blog com algum tipo de apresentação, mas não é este o meu foco. Minha intenção nem é tanto a de compartilhar - mas a de registrar essas pequenas coisinhas minhas. Um registro para driblar a falta de memória e para me ajudar a tecer a trama desses meus dias.