segunda-feira, 7 de junho de 2010

Olho comprido

Estou namorando uma blusa vermelha há uma semana. Todos os dias, a caminho do trabalho, ela pisca para mim, enviando mensagens telepáticas sobre o quanto sua lã será útil neste inverno e como ela pode dar uma renovada no meu guarda-roupa, com sua gola canoa e seu tricô trabalhado. Nessa relação platônica, o bolso já indicou ser contra: atento a qualquer impulso consumista um pouco mais exagerado, ele anda a me vigiar como um pai à filha caçula. Juro que, mesmo contrafeita, estou tentando aceitar seus argumentos inabaláveis, mas espero que a tal blusa consiga me deixar em paz e pare de me olhar com aquele jeitinho de 'me leva para casa'. Senão, a paquera definitivamente vai virar caso consumado.

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