quinta-feira, 30 de julho de 2009

A falta que os dados fazem...

Hoje eu ia sair. Não fui. Ia ao cinema. Não fui. Tudo por causa de uma pane que me deixou em estado de choque. Meu notebook morreu. E com ele podem ter morrido todas aquelas fotos únicas, todos aqueles pedacinhos de texto que um dia eu escrevi, todas as músicas que demorei anos pra organizar e agregar, toda uma parte da minha vida que nem sei por onde reconstruir. Perdi a fome, perdi o rumo, perdi a vontade de sair de casa, ao menos por hoje. Minha única esperança é conseguir um diagnóstico positivo dos médicos amanhã, considerando que ao menos parte do HD pode ser recuperada. Pelo menos a parte das fotos, das músicas, dos documentos e dos trabalhos. Estou cruzando os dedos.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Um brilho apagado na memória

Hoje li um texto que achei bem interessante: o cérebro humano automatiza suas reações conforme os fatos repetem-se. Algo como uma economia de novos estímulos nervosos para realizar coisas semelhantes. E é justamente por isso que temos a sensação de que os dias passam cada vez mais depressa: porque não oferecemos ao nosso cérebro estímulos que o façam trabalhar e registrar em nossa memória os eventos de cada dia. E assim os dias passam a ficar muito iguais uns aos outros, sendo "apagados" ou "ignorados" como acontecimentos rotineiros e comuns. E só as datas mais relevantes acabam sendo lembradas - os Natais, as festas, os aniversários -, justamente porque envolvem eventos diferenciados.

Quando somos crianças, tudo é novidade e em todos os dias acontece algo capaz de exigir o exercício da atividade cerebral - novas reações, novas pessoas, novos horizontes, novas brincadeiras, novos aprendizados. A recomendação, então, é sempre tentar fazer alguma coisa diferente, de forma que valha um registro na lembrança. Fazer novos caminhos, escrever coisas novas, ler novos livros em lugares diferentes, fazer novas viagens - tudo isso contribui para ativar nossos neurônios e intensificar os dias e as lembranças deles.

Alguém já reparou o quanto é mais fácil lembrar de uma cena após ver uma fotografia dela? E o quanto aquele momento retratado se torna mais nítido do que todos os outros que o cercaram? Infelizmente não dá para sair por aí fotografando o dia, as emoções, as impressões e todas as pessoas que passam por nós. Mas seria muito bom se tivéssemos sempre o costume de fugir da rotina, para que pudéssemos ter mais histórias para contar - e mais fotografias imaginárias para lembrar.

Quando eu era pequena tinha a prática de estudar fingindo que era professora. Ensinava a meus alunos imaginários tudo o que havia aprendido na escola. Meu pai chegou até a comprar uma pequena lousa e várias caixas de giz colorido - aqueles mesmos que às vezes eram usados para desenhar um sol amarelo no cimentado do fundo de casa ou uma grade de amarelinha no asfalto envelhecido da rua. E foi assim que fui conquistando minhas altas notas - sempre ensinando coisas em voz alta para minha platéia invisível. Certamente esta técnica de memorização não é exclusividade minha, mas sei que essa sempre foi uma das formas que encontrei para lembrar-me do que era importante. Ler em voz alta. Explicar em voz alta. Coordenar os pensamentos em voz alta.

Tudo bem que eu também brincava de bancária - enquanto as crianças de minha idade costumavam brincar de boneca. Não passava dos 8 anos, certamente. Na verdade, não sei bem se era um banco ou uma financeira mas eu costumava dizer que era uma grande firma, a qual chamava de Jungis Barrida - nem sei se era assim que eu escrevia, tampouco o significado desse nome. Engraçado, não? É, minha criatividade sempre deu grandes provas de sua existência. Ao menos enquanto era criança. Inventei até mesmo uma classe gramatical inexistente e imprescindível para o português: os gramafos. E do pouco que me lembro do que escrevi sobre eles, sei que obedeciam a "justaposição". Profundo, não? Bem, a lógica era um tanto quanto confusa e infantil, mas ainda hoje fico maravilhada ao ver os rabiscos no caderno, os quais guardei carinhosamente no fundo de um pequeno baú.

A verdade é que, enquanto somos crianças, temos um mundo de opções e oportunidades à frente. Temos a possibilidade de sermos quem quisermos - médicos, professores, engenheiros, bancários, cozinheiros, motoristas, astronautas, pilotos - e para transformarmos algo em realidade só precisamos de um empurrão, um estímulo. Aos poucos fazemos escolhas que mudam nossas vidas e estreitam essas possibilidades. E dia-a-dia essas escolhas apagam um pouco do brilho que tínhamos na infância. Mas fazer o que? Deve ser assim com todo mundo mesmo...

domingo, 26 de julho de 2009

Contagem regressiva

Esta semana vou começar! Sim, eu consigo! Tal qual uma promessa de início de ano, que sempre se perde ao longo dos primeiros dias do recém-nascido, estou desfiando uma série de itens que necessitam de atitudes urgentes. A diferença é que são coisas concretas, que não podem ser adiadas ou esquecidas: fazer o orçamento para o conserto do carro; transferir o plano de saúde para abrangência nacional, mudar a conta do banco, alterar o endereço das contas dos cartões de crédito, cobrar a data de mudança na transportadora e, sim, estudar.

Seja característica de brasileiro, seja deficiência própria, tenho o péssimo hábito de fazer as coisas na última hora. Nunca fugi das minhas responsabilidades, mas parece que resolver os problemas logo que eles surgem não é muito o meu ponto forte. Preciso de tempo para mastigar devagar e digerir as pedras e os papéis que surgem à minha frente. As metas concretas serão, sim, feitas, no prazo previsto. Aí voltamos ao grande nó da questão: estudar. Isso parece tão mais subjetivo do que trocar o endereço do cartão de crédito! E olha que eu gosto de estudar! Só preciso (sempre) de um incentivo para começar, todos os dias.

Desde que "entrei" em férias por tempo indeterminado, minha vida passou por alguns ciclos: a organização da mudança, a viagem para uma cidade nova, o retorno com a leitura de um livro, a febre e a tosse insuportável e agora, finalmente, está em branco, pronta para um novo ciclo. E só de ficar alguns dias vivendo esse "branco" já me cansei. Há muito não estou acostumada a ficar o dia inteiro dentro de casa e a curtir vagabundagem. Passei da idade. E não gosto de me sentir completamente inútil. Daí o início do post: esta semana vou começar! Sim, eu consigo!

Vou começar a estudar novamente, fixar metas para passar em um próximo concurso, já que deixei de tomar posse no que me garantiria alguns reais de tranquilidade por mês, estipular metodologias de estudo e me disciplinar. Já fiz isso antes. Sou perfeitamente capaz de fazer novamente. Só espero sinceramente poder me aproximar novamente dos amigos a quem não tenho visto nas últimas semanas. Porque não quero mudar de cidade com a sensação de que não faço diferença e de que tanto faz o lugar onde eu esteja.

Palavras da semana: conciliação e equilíbrio.

Hoje, ontem e amanhã

Hoje consegui um verdadeiro milagre: repetir aquele delicioso filé de badejo no Alba's, desta vez com minha mãe. Exercitei o meu diário pecado da gula e desfrutei de uma companhia de que há tempos estava sentindo falta. Fazia anos que ela não comia sequer batata frita. Foi um pequeno progresso, que me deixou feliz. Mesmo que o restante do dia tenha transcorrido tedioso e solitário.

Gostaria de ter as respostas para poder solucionar tantos problemas que andam à espreita, apenas esperando o seu tempo para chegar. É complicado seguir um dia de cada vez e tentar esquecer as sombras, os ventos ruidosos que - sei - vão se aproximar. Mas a única maneira de lidar com esse futuro incerto é esperar os dias correrem e se substituírem continuamente, até que não haja mais nada a ser feito. Até que a realidade precise ser enfrentada e vencida. Ainda não sei exatamente qual será o meu papel em todo esse emaranhado ameaçador que está por vir, mas certamente serei uma das protagonistas. Espero ter encontrado soluções até - e não apenas mais perguntas. E espero que elas venham naturalmente, assim como um dia após o outro.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

New city

Nunca imaginei que conseguiria reunir minhas reminiscências, tralhas, bobagens e afins em tão pouco tempo. Foram cinco dias muito intensos, com muita poeira e incontáveis espirros. Em seguida, a viagem, a espera pela conexão, a chegada, a ansiedade, o conforto. A prova. Agora, dá para respirar um pouco - o ar não é tão puro aqui quanto em Goiânia, mas acho que no décimo terceiro andar isso até pode ser possível.

Estou no novo apartamento, embora ainda não de maneira definitiva. Por enquanto, só uma ausência absurda de vida, de cores, de aromas e sabores. Sem qualquer possibilidade de me aventurar na cozinha. Só armários, armários e mais armários - e uma pequena TV para me fazer companhia. Ainda assim, as primeiras impressões foram as melhores possíveis: avenidas largas, pistas arborizadas, parques tranquilos - uma cidade grande, com possibilidades diretamente proporcionais à sua proximidade com A metrópole.

Agora os planos ainda estão um pouco rebuscados, e sei que preciso vencer minha ansiedade e meus receios.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ausência

Impossível escrever qualquer coisa hoje, ou ontem. Extremamente cansada com os preparativos para a mudança.