segunda-feira, 29 de junho de 2009

De mudanças e lembranças

Dos sete pecados capitais, é difícil apontar um que não nos tente diariamente. Se domingo rotineiramente é o dia da preguiça, pode-se dizer que esta segunda-feira também amanheceu bastante preguiçosa. A diferença é que domingo é domingo e segunda é segunda. Ou seja, dia de mandar a preguiça caçar outro lugar pra se instalar. Reunindo todas as minhas forças, dei início hoje a parte do cansativo processo de mudança. Acho que essa é a pior parte. Caixas de papelão reunidas, jornais espalhados para embrulhar copos e vidros, panos para limpar a poeira, dor na alma e nas costas de tanto ir e vir.

Malões emprestados, comecei a separar o que vai e o que fica, o que vai agora e o que vai depois, o que pode sumir do meu guarda-roupa e o que não pode faltar. Não é fácil. É um processo meticuloso e delicado, que consome boa parte dos meus neurônios - não riam. A vontade realmente é de fechar os olhos, dormir e acordar com tudo arrumado no novo apartamento alugado. Armários por todos os lados e cômodos, roupas já organizadas, eletrodomésticos e portáteis, livros, cds e dvds em suas respectivas prateleiras. O chão encerado escondendo os anos de desgaste e exposição. As paredes peladas e limpinhas acolhendo seus novos inquilinos pelo menos no decorrer do próximo ano.

Entre uma arrumação e outra, um pouco de água para limpar a garganta. E de internet para renovar a alma. Aliás, mudança de assunto: o que seria de nós se por algum motivo absurdo ela parasse de funcionar??? Engraçado como rapidamente nos adaptamos às novas tecnologias e não mais conseguimos nos imaginar sem elas. Mas são tão recentes!!! Já estava na faculdade quando conheci IRC, ICQ e, mais tarde, MSN. Computador em casa e internet, então, antes disso eram luxo. Na escola os trabalhos eram feitos com base em pesquisa em revistas, nas bibliotecas e nas enciclopédias (aquelas mesmas que hoje em dia ficam empoeiradas na estante ou esquecidas em algum lugar no fundo do baú). Depois de rascunhados à mão, eram datilografados letra por letra - e a máquina de escrever lá de casa não era elétrica. Esses eram os bons tempos do ERROR-EX.

Mamãe certamente vai se lembrar muito bem. Até sobre futebol e copa do mundo ela escreveu! Ficou doutora em Feudalismo, Marxismo e outros ismos. Era ela que ficava horas a fio na frente da máquina de escrever. Ao lado, eu ia ditando as frases rascunhadas e rabiscadas. Parágrafo, texto, texto, texto, ponto. Parágrafo, texto, texto, texto, ponto. Espaço para recorte de figura ou nota de jornal. Parágrafo, texto, texto, ponto. E enquanto mamãe treinava seus dedos frenéticos com os inúmeros trabalhos de História da professora Ana Maria, vira e mexe eu ia pedir a papai pra me explicar a matéria de geografia. Os tais dos paralelos e meridianos não entravam na minha cabeça! Era tão difícil, meu Deus!

Alguns anos depois, as aulas caseiras de geografia cederam lugar às de física, química e matemática. Sempre gostei de exatas (de humanas e biológicas também!), mas às vezes o raciocínio humano sobressaía-se ao lógico e minha cabeça simplesmente começava a armazenar um nó de informações. Papel, lápis e caneta a postos, lá ia eu estudar. Sempre gostei disso.

Hoje tudo isso ficou pra trás, mas vez em quando deixa esse gostinho saudoso durante meu dia. Hoje não tenho diário nem agenda. Tenho um blog. Não tenho um caderninho de telefones. Tenho celular. Não tenho endereço de correspondência. Tenho e-mail. E às vezes nem voz eu uso. "Mamãe, oiê!", digito no msn. Ela, no quarto ao lado, corresponde: "oiiiiiiiiiiiiii". Mundo estranho este, né?

Domingo, mais um domingo

Domingo sempre foi o dia internacional da preguiça. Engraçado como no único dia em que praticamente todos estão em casa nada de útil passa na TV aberta. Acho que é pra aumentar ainda mais a preguiça. É, domingo é cansativo, se arrasta acompanhando os ponteiros dos relógios. Mas domingo também é dia de almoçar com as mães e as sogras, tirar um cochilo pra fazer a sesta, dar banho na cadela linda, preparar as coisas para o início de mais uma semana e jogar muita conversa fora. Especialmente pela internet. Salve o MSN e o Skype!

Dizem que domingo também é dia de reunir a família. É o dia da macarronada tradicional com toda a árvore genealógica - com a mamma, o pappa, a primarada, os irmãos, os netos, os avós, os tios, os sobrinhos, os genros e as noras, os cães e os gatos de estimação. É aquele fala-fala, crianças correndo, homens discutindo futebol, mulheres falando sobre os filhos, filhos escondendo-se das mães, irmãos criticando irmãos, cães correndo atrás de gatos...

Bom, eu não estou muito acostumada com isso. Nunca tive um contato extenso com a família - a minha é minúscula e mora longe o suficiente para nos vermos no máximo uma vez por ano. Mas acho gostosa essa relação de estar sempre encontrando os mais próximos (pais, mães, sogros, sogras, cunhados - ah, o cão também). A gente acaba não falando nada que realmente importe, mas são esses momentos que constroem a confiança e estreitam a convivência.

O almoço de sábado

Eu amo almoçar fora. É verdade! Especialmente com excelentes companhias como as melhores amigas que a gente pode conquistar na vida - uma extremamente sincera, direta e (quase sempre) forte e decidida; outra maravilhosamente carismática, delicada e (quase sempre) fujona. Vanessa e Clarissa, este post é pra vocês!

Pensando bem, relendo o início do parágrafo anterior, acho que deveria recomeçar. A melhor expressão seria: eu sou uma gulosa insaciável que adora almoçar, jantar, lanchar e comer qualquer coisa, fora ou dentro de casa, com ou sem boa ou má companhia. Sim, eu sou gulosa, eu amo comer, adoro comida e estou - SIM! - bem fora de forma (ou em forma de bola, se preferirem). Mas o badejo com molho de catupiry e camarões empanados com brócolis, arroz à grega e batata frita estava simplesmente DIVINO!

Estou com meus triglicérides elevadíssimos - mais do que o dobro do limite indicado nos exames. Meu colesterol também não me dá um tempo. Preciso malhar - de alguma forma diferente do que praticar levantamento de copo e garfo -, necessito de dieta e, mais do que tudo, de um pouco (muito) mais de força de vontade. De resto, minha saúde está perfeita - fiz uma infinidade de exames para poder assumir no concurso público que não vou assumir porque vou mudar de cidade e está absolutamente tudo OK. Então, perdoem-me pelo deslize, mas, mais uma vez, o badejo com molho de catupiry e camarões empanados com brócolis, arroz à grega e batata frita estava simplesmente DIVINO! Pelo menos só tomei água com gás para acompanhar a refeição. (Tá, tá bom, teve uma coca-cola nada-light no fim pra poder adoçar a boca.)

De uma forma ou de outra, achei simplesmente uma delícia sair com "as meninas" - elas de novo! - e conversar horas a fio despretensiosamente. Eram bons os tempos em que nos víamos todos os dias e conversávamos horas por telefone. Papai e mamãe não gostavam tanto assim, pois as contas vinham quilométricas... Mas, oras, minhas lembranças não querem saber de contas ou do que papai e mamãe achavam. Basta reavivar a memória - que insiste em sempre querer fugir de mim - para me perder nas inúmeras divagações adolescentes que fazíamos. Meu Deus, como as pessoas sobrevivem à adolescência???

Éramos felizes, tínhamos tudo que queríamos - ou pelo menos bem mais do que precisávamos - e mesmo assim vivíamos reclamando das coisas. Era o garoto do 2º B que não dava moral, era o professor de matemática que não compreendia nossa ânsia em conversar durante a aula, era a ausência da maioridade para podermos sair, era a música do Green Day que nos fazia lembrar saudosas as férias passadas... Meu Deus, como sobrevivemos à adolescência?

É, sobrevivemos. E já entramos (quase todas) na casa dos -inta. E quer saber? Até que é bom!

Every outback night

Sexta-feira, 26 de junho. Quase o último dia de trabalho. Quase a despedida derradeira. Estranho é perceber o quanto este momento está sendo esperado - mesmo sabendo que ele representa uma mudança extrema em todo o meu cotidiano e em toda a minha vida futura. Ainda assim, espero pela segunda-feira, pela terça e pela quarta. Aí meus laços estarão definitivamente desatados.

Apesar da ansiedade pelo fim desses dias, estava ainda um pouco desolada pelo fato de deixar para trás pessoas que se tornaram queridas ao longo destes quase três anos. Mas, após uma saideira gostosa depois do trabalho, percebi que as que realmente se tornaram próximas estarão presentes mesmo com a distância. Afinal, já inventaram msn, orkut, blog, twitter, e-mail, internet e avião. Só se desencontra quem quer.

Percebi também - mais uma vez - que não dá simplesmente para obrigar as pessoas a me considerarem da mesma forma como eu as considero. Na verdade, sei que quem esteve ali presente são as pessoas que realmente poderão sentir minha falta. Sem tristezas ou ressentimentos com os demais. Apenas alguns se fizeram mais especiais do que (quase todos) os outros. Um abraço especial para Aline, Junior, Ju, João, Anderson e Lorena.

Anyway, it was a wonderful night. Alegre, divertida, leve, gostosa. Uma excelente despedida para o fim do expediente e do trabalho.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A sombra do vento

Hoje me contentarei com um bom livro e uma pizza. Sim, uma pizza. Vou me permitir continuar minha dieta de engorda - para depois tentar por tudo perder todos os quilos a mais que ganhei nos últimos meses. O livro é do tipo Best Seller - A sombra do Vento. Tô no início. Aliás, estou no início há tanto tempo que parece que já decorei a frase exata em que empaquei. Nada contra a obra - ou o autor -, mas simplesmente ainda não consegui me concentrar na história. Parece que estou em uma daquelas ocasiões em que tento fazer mil coisas ao mesmo tempo e no fim não consigo concluir nenhuma...

Talvez a própria ansiedade que tenho estado nos últimos dias contribua para essa minha falta de concentração. Segunda-feira serei a mais nova "disponível no mercado de trabalho" - e estou feliz pela oportunidade de poder começar tudo outra vez e de quebrar a rotina que assolava meus dias. Sentirei muitas saudades das pessoas que estiveram ao meu lado durante esses três anos de empresa - pessoas que souberam deixar sua marca e que me surpreenderam positivamente por diversas vezes. Mas é preciso seguir em frente - por tantos motivos que nem sei como enumerá-los.

Hoje meu livro me fará companhia. Os cadernos de Direito também deveriam fazer parte do rol das minhas atividades noturnas, mas ando dormindo em cima deles e talvez seja melhor dar um tempo. Amanhã é outro dia - e por agora ficarei só, aprendendo um pouquinho mais a conviver comigo mesma. Eu gosto. Sempre gostei.

Happy happy hour

Rever as amigas é sempre muito bom. Mesmo que eu tenha um círculo limitado delas. Há sempre "as meninas", aquelas a quem convidamos para ir em casa em um dia qualquer, vestindo camisetão e bermudinha, com o cabelo todo despenteado. Melhor ainda: nem precisamos convidar - elas simplesmente aparecem, entram sem bater, não fazem cerimônias. Sem frescura, sem censura.

E é incrível como realmente existem pessoas que conseguem nos deixar bem à vontade, sem máscaras ou fingimentos. Sem firulas, "papos-cabeça-pra-fazer-tipo" ou futilidades desnecessárias e irritantes. São aquelas a quem conhecemos há anos - e que, sabemos, estarão sempre por perto quando precisarmos. São aquelas com quem relembramos alguns dos melhores anos das nossas vidas - aqueles em que éramos adolescentes chatas e irritantes. Mas o melhor não é apenas relembrar, mas conseguir inserir essas memórias em nossos dias atuais. É lembrar e ao mesmo tempo construir novas histórias, novas lembranças.

Às vezes me esqueço o quanto é gostoso sair do trabalho, depois de um dia cansativo em que o corpo só pede cama e a mente só quer saber de algo banal na televisão, e encontrar "as meninas". Sair para tomar um açaí ou comer uma salada. Ou, no meu caso de gula extrema, experimentar um pouco dos dois. Vanessa e Raquel, devíamos fazer isso todos os dias. Esquecer a pressa que teima em nos perseguir sempre e relaxar, tomar um suco, contar histórias, trocar experiências do dia-a-dia. Just like Sex and the City. Perhaps a little bit better.

Day 1

Há coisas que são minhas. Ponto. Únicas, exclusivas, íntimas. Meu pensamento, meu conhecimento, minhas convicções. Meus dias.

Sim, eles são meus - envolvem outras pessoas, é claro, mas ainda assim são meus. Podem até mesmo ser compartilhados, divididos entre as incontáveis pessoas que passam por eles. Mas, para o que me importa realmente, são meus. E eu posso fazer deles o que quiser.

Talvez o mais sensato seria iniciar este blog com algum tipo de apresentação, mas não é este o meu foco. Minha intenção nem é tanto a de compartilhar - mas a de registrar essas pequenas coisinhas minhas. Um registro para driblar a falta de memória e para me ajudar a tecer a trama desses meus dias.