quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

No papel tudo fica diferente

No início do ano passado escrevi uma lista de dez itens para fazer em 2011. Coisas que queria (ou precisava) colocar em prática ao longo do ano. Deixei ela ali quietinha nos 365 dias seguintes (alguns a mais, na verdade) e hoje eu a vi por acaso. Nem ia compartilhar aqui, pois há coisas que considero - ainda que sem razão aparente - pessoais, mas a súbita necessidade de fazer um balanço escrito e registrado me venceu. Cumpri menos do que gostaria, mas pelo menos vejo que consegui alguma evolução em todos esses microplanos, ainda que ínfima. No final, o saldo foi positivo. Bem positivo.

1 - Viagem ao exterior
Ah, eu juro que ela ia dar certo. Tirei passaporte, comprei um megalivro pra planejar os destinos, montei um roteiro sensacional para 20 dias de exploração turística em terras europeias, comprei as passagens aéreas e até reservei alguns hotéis. Aos 45 minutos do segundo tempo, os planos mudaram drasticamente: mudei de cidade, assumi outro emprego e as metas tiveram de ser adiadas por tempo indeterminado. Ainda guardo o roteiro para uma ocasião futura, quem sabe em 2013.

2. Aulas de espanhol
De fevereiro a setembro, isso até funcionou. Pelo menos saí do nível Espanhol Iniciante 000 para passar para o Iniciante 001. Da mesma forma como a viagem, houve uma interrupção drástica, pagamento de multa do plano contratado, mudança e... bye bye español.

3. Pós-graduação
Essa meta ainda está de pé, parece. Passei na seleção pra pós-graduação da Unicamp em Jornalismo Científico, ingressei no curso achando que era uma coisa e me surpreendi (negativamente) ao ver que era outra. Mas isso é papo pra reclamação de boteco. Ao final do ano, dois terços da ementa já tinham sido cursados e agora só falta um semestre pra obter meu diploma lato sensu (claro, se os professores concordarem em me receber apenas duas vezes por mês. Afinal, o Rio não é Vinhedo e não está tão próximo assim de Campinas).

4. Academia
Hahahahaha. Essa virou piada. Aliás, essa é uma piada totalmente sem graça que já faz parte da minha vida há um tempinho. Tá, pra não falar que não fiz absolutamente nada saudável em 2011, fiz natação durante um mês. Aí não renovei o contrato, não paguei mais e as portas da academia se fecharam pra mim. E a desculpa - até um pouco verdadeira - da mudança para o Rio foi a gota d'água pra "deixar pra depois". Por aqui eu tenho o calçadão pra caminhar todo lindo fim de tarde. Ã-hã.

5. Ler mais
Eu estou para a leitura assim como São Pedro está para a seca em São Paulo. Inconciliável. Desculpas, desculpas e mais desculpas. Muito blá-blá-blá pra falar que não consegui ler mais do que uns cinco livros no ano. Absurdo. Meta mais do que descumprida. O mesmo vale pras minhas séries favoritas de TV, os filmes, o cinema, a cultura: largados às traças! 

6. Frilas
Até que esses estão rendendo. Poderiam estar melhores, mas não posso reclamar.

7. Concurso público
É, esse deu certo. E mudou tudo ao meu redor.

8. Projetos 'bloguísticos'
Ih, só de ver quanto tempo eu fiquei sem atualizar isto aqui já dá pra ter uma ideia do quanto esses projetos foram pra frente. Mas vamos lá, um dia eles saem do nível imaginário... :)

9. Outras viagens
Ah, como eu sonho, né? Meus pezinhos estão sempre lá no alto, esperando serem puxados para baixo. Além da super-mega-master-viagem que seria feita em novembro, minha listinha pra 2011 era bem singela: Ubatuba, São Paulo, Foz do Iguaçu, Ilha Grande, Goiânia, Campos do Jordão, Rio de Janeiro, Brotas... Bom, fomos pra Ubatuba, São Paulo, Ilha Grande e Goiânia; e nos mudamos para o Rio de Janeiro. Não foi de todo ruim. =)

10. Saúde
Estava (e ainda estou) precisando de um check-up geral. A listinha dos "istas" estava grandinha no início do ano passado. Diminuiu, é verdade, mas já preciso voltar ao oftalmologista e ainda não fui ao cardiologista, ao ortopedista e ao odontologista. Vem cá, preciso mesmo ter este item na minha lista?  


Bom, vou repetir a experiência e escrever as metas deste ano. Começo de 2013 eu aviso como me saí!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Andanças

Passei tanto tempo longe, caçando o tempo que estava cismando em escorrer pelos dedos, em dias rápidos e turbulentos, que deixei o esquecimento vencer as boas histórias que vivi desde o último post. Não foram poucas. De lá pra cá mudei. Mudei de casa, de emprego, de cidade. Cancelei férias e adiei sonhos. Vim pras lindas terras cariocas, com seus contrastes de misérias e riquezas, seu trânsito absolutamente intransitável e sua (des)prestação de serviços enlouquecedora. Consegui abrigo provisório e mudei-me para um teto alugado. Da sacada, o mar imenso foi meu consolo para tantas adversidades iniciais.

Disso tudo, não sentirei falta. Dos amigos feitos na fria Campinas - e fria mais pelo clima do que pelas pessoas -, desses, sim, guardarei saudades. A certeza, neste ponto, é que mudar não é para qualquer um. Exige persistência, paciência, determinação e, acima de tudo, coragem. Coragem por virar um livro já conhecido e iniciar outro, ainda com as páginas totalmente em branco. Coragem por enfrentar o infinito que se abre à frente dos olhos e deixar o conforto e o aconchego das situações sistematicamente repetidas ao longo dos anos.

Olho para trás e vejo que venci os dias de incertezas e medos. Na verdade, já havia vencido isso anos atrás, quando deixei com lágrimas a terra em que morei por vinte e tantos anos. Foi sofrido. Mas se há algo verdadeiro nessa história toda é a imensa facilidade que descobri ter para me adaptar a novas situações e a maravilhosa capacidade de ultrapassar limites quase sempre imaginários. É fato: a gente consegue praticamente tudo que quer.

E cá estou eu agora, no Rio de Janeiro, a cidade do Cristo de braços abertos mais famoso do mundo, acumulando fotografias de paisagens lindíssimas e recortes de estresses cotidianos. Vendo nos sinaleiros os meninos descamisados vendendo bala, nas mesmas esquinas em que prédios gigantescos somam alguns milhões de reais no concreto de seus andares de frente para a praia. Não, não vi ainda o retrato da violência urbana - ele continua (e espero que assim permaneça) uma imagem recortada dos jornais. Cá estou na terra do "esse" chiado, da mandioca que virou aipim e do trânsito que anda em ondas, em uma espécie de lei do mais "eixperto". 

Mas como boa paulista-que-gosta-de-casa-e-sossego, vou cair fora no Carnaval. Mangueira, Beija-Flor, Vila Isabel, Imperatriz e bloquinhos de rua espalhados por todos os cantos da cidade estão fora dos meus planos. Vou é arrumar as malas pra Goiânia, que de tradição carnavalesca não tem nada!

"... acumulando fotografias de paisagens lindíssimas e recortes de estresses cotidianos..."