sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Patos na lagoa

Eu poderia escrever este post com dois sentidos diferentes, mas vou preferir o literal. Fui caminhar nesta semana na lagoa do Taquaral, aproveitando um dia nublado e friorento para esticar as pernas e colocar a mente em ordem. Precisava urgentemente de ar puro e de um vento capaz de levar maus pensamentos embora. A tranqulidade que um bom passeio no parque oferece cura qualquer problema, eu digo.

Quem me conhece sabe o quanto sempre gostei de fazer trilhas e me aventurar no meio da mata, observando os detalhes - ou mesmo apenas aproveitando para um exercício mais puxado e sem as artificialidades abomináveis de uma academia. Odeio academia. E também odeio ficar caminhando em volta de pracinhas, andando em círculos como o cão que persegue o próprio rabo. Acho que eu já escrevi isso aqui antes. Não importa. É verdade.




Sorriso discreto no rosto, satisfação estampada, lá fui eu andar os quase três quilômetros de percurso. No meio do caminho normalmente encontro algumas amigas capivaras, mas nesse dia elas estavam tímidas e a única que vi resolveu dar um mergulho quando me aproximei com a câmera. Não tem problema. Os patos fizeram a tarefa de relações públicas. Estavam tão bonitinhos e organizados que não resisti. Clique neles.



O passeio me fez bem. Aliás, sempre faz, não é mesmo? Voltei um pouco renovada pra casa, pronta pra fazer mais milhares de contatos profissionais.

Na verdade, hoje estou precisando novamente desse momento-relaxamento, porque a angústia tem teimado em bater à minha porta. Eu resisto porque gosto de ser positiva e acho que já deixei a tristeza conviver comigo tempo demais quando era mais nova. Gosto de ser uma pessoa alegre e contagiante, com boas vibrações e sempre ideias que me fazem bem. Às vezes dou uma fraquejada, mas quem não é assim?

O importante é lembrar o velho chavão de que cada dia temos a oportunidade de recomeçar e de fazer tudo diferente. Aliás, foi com esse mesmo propósito que me mudei para Campinas: pronta pra começar uma nova vida, tentando mudar os defeitos que vejo em mim e que me irritam. Como é difícil! Parece que, mesmo com 30 anos, já sou uma velha resistente e intolerante. Mas também sou insistente, ah sou. Aos poucos vencerei meus velhos maus hábitos e conseguirei ultrapassar as limitações que insisto em achar que tenho.

Vou ao mercado, perguntar ao rapaz das prateleiras se eles vendem um pouco de autoconfiança por lá. Ah, e se venderem dinheiro também, baratinho, eu compro! Pago um real em uma nota de 50. Vale?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Posso pular o Natal?

Novamente dezembro. Mais um ano que voou. E, mesmo ainda tendo alguns dias para o final, acho que já dá pra fazer um balanço de tudo o que aconteceu. Muita coisa boa, mas também muita coisa confusa e complicada se desenrolou nestes 12 meses. Foi um ano de mudanças, em muitos sentidos. Mudei de cidade e, nisso, minha vida se transformou da água para o vinho. E mesmo que muitas coisas boas tenham se concretizado, a verdade é que 2009 foi uma continuação truncada e difícil de todas as coisas iniciadas em 2008. Nenhum dos dois foi dos melhores anos da minha vida.

E agora novamente estamos nessa época do ano medonha, em que todos ficam com sorrisinhos falsos desejando quase que maquinamente "Feliz Natal". Não gosto de Natal. Não agora. Sem considerar o significado religioso da data, que pra mim não faz a menor diferença e nunca fez, Natal é uma época em que eu sempre penso como as coisas poderiam (e deveriam) ser diferentes. Quando era criança, não havia data melhor. De agosto pra frente, já esperava dezembro com aquela ansiedade infantil tão gostosa, genuína e ingênua.

Em 1. de dezembro já ia eu correndo agarrar na barra da calça da mãe, implorando pra montarmos a árvore de Natal, que lá em casa nunca foi daqueles pinheiros lindos que a gente vê nos filmes da TV, mas que, mesmo assim, era linda e toda especial. Era uma alegria montar um por um de seus galhos e enfeitá-los com bolas verdes e luzes piscantes. Os presentes iam se acumulando embaixo da árvore e o clima de felicidade que todos tanto exaltam realmente invadia a casa. A noite da véspera natalina, então, era uma festa à parte. A família nunca foi muito grande, mas os poucos que éramos já nos bastávamos.

Acho que nunca terei outro Natal como aqueles. E por isso hoje odeio a data. Sei que não haverá mais uma família feliz reunida. Sei que hoje sempre estaremos cada um em um canto, separados espiritual e fisicamente. Essa situação, enfatizada ano a ano, fez meu Natal perder a graça. Hoje ficamos não mais do que quatro gatos pingados olhando um pra cara do outro, em volta de uma mesa lindíssima e cuidadosamente posta, mas que não guarda as mesmas esperanças de antigamente. O esmero em fazer uma ceia de dar água na boca continua o mesmo, mas as circunstâncias são bem diferentes. A comida fica lá nos olhando e nós ficamos fazendo de conta que está tudo bem e que a essência natalina não mudou muito. Mas é uma farsa. É uma data amarga. E meia-noite já é hora de ir pra cama.

Há algum jeito de pular o Natal?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Autônoma

Autocensura. Autocrítica. Autoavaliação. Autoestima. Autochatice. Tudo junto e sem hífen. Ando me boicotando a cada vez que venho escrever um post. Minha capacidade de achar tudo extremamente inútil está exacerbada nestes últimos dias e por isso ando meio quieta. Bico fechado. Enquanto isso, lá fora chove. Pode mesmo parecer exagerado, mas a chuva não para há uns dias. E o sorvete está tão duro que preciso deixá-lo meia hora na pia antes de conseguir cutucá-lo com a colher. É, eu sei que sorvete e frio não combinam muito, mas eu sou assim mesmo. E ando precisando de doce.

A chuva boicota minha piscina, minha caminhada e meu ânimo. Apenas é uma deliciosa desculpa pra assistir uma infinidade de filmes que tenho listados, preferencialmente debaixo das cobertas. Os livros também andam acumulando-se pelos cantos. E é impressionante como a gente sempre consegue dar um jeito de nunca ter tempo de fazer nada, seja com um emprego convencional, seja dentro de casa. Sempre há ocupações urgentes.